2023: 100 ANOS DA COLONIZAÇÃO DE LUMIAR E SÃO PEDRO DA SERRA
Lumiar e São Pedro da Serra, uma história para contar
Alto do Macaé, região às margens do Rio Macaé. Foi para essa localidade que colonos suíços e alemães se dirigiram abandonando as glebas de terra que lhes haviam sido doadas pelo rei Dom João VI, na fundação da colônia no município de Nova Friburgo. Como as glebas recebidas por esses colonos eram impróprias para a agricultura foram autorizados pelo diretor da colônia a tomarem posse de terras em outras regiões.
Na realidade, a permissão para deixarem o distrito colonial partiu de Dom Pedro I, na tentativa de revitalizar o projeto de seu pai Dom João VI, que autorizou a vinda de colonos suíços para o Brasil. Já estava instalado nessa região do Alto Macaé desde o ano 1823, o francês Felipe de Roure. Adquiriu uma fazenda que denominou de Lumiar, nome de uma vila próxima de Lisboa onde nasceu a sua esposa Michaella d'Abreu. Por ser a principal fazenda da região deu nome ao distrito de Nova Friburgo.
Essa região tem uma importância política de tal ordem que em outubro de 1889, bem próximo a proclamação da República, recebe o predicado de segundo distrito com o nome de Lumiar. Já São Pedro da Serra recebe esse nome em homenagem a Dom Pedro I que havia autorizado à posse de terras devolutas na região.
No final do século 19, o segundo distrito possuía diversas bandas de música como a Sociedade Musical Euterpe Lumiarense, Sociedade Musical Quinze de Novembro e a Banda de Senhoras, formada quase exclusivamente por mulheres descendentes de famílias suíças. Em 28 de novembro de 1893, o coronel Carlos Maria Marchon, chamado pela imprensa de “Mandão de aldeia” doa um terreno de sua propriedade para ser erguida uma capela cujo orago seria São Sebastião. Essa capela era inicialmente de pau-a-pique, um tipo de construção muito comum no Brasil. Uma nova capela foi edificada no mesmo terreno e a obra concluída no ano de 1901, graças ao empenho de toda a comunidade da Paróquia de São Sebastião de Lumiar.
Uma igreja foi construída bem próxima na década de 1980, mas manteve-se a antiga capela em suas instalações. Já na igreja de São Pedro da Serra, existe na fachada a referência de que é o mais antigo templo de Nova Friburgo. A capela era coberta de tabuinhas no estilo suíço tendo sido inaugurada em 22 de janeiro de 1865. Na realidade, a capela mais antiga é a de São João Batista, na sede da vila. Seu templo era inicialmente em um dos cômodos na casa de vivenda da Fazenda do Morro Queimado. Era onde ocorriam os cultos religiosos.
Nas terras do Alto Macaé foi para onde se dirigiram os colonos suíços Ouverney. A família possui uma particularidade. Durante décadas foram realizados casamentos somente entre primos. Era comum essa prática no passado, mas os Ouverney foram os que mantiveram essa tradição de casamentos dentro de seu núcleo familiar até há alguns anos. Além de café que se plantava tanto em Lumiar quanto em São Pedro essa localidade era conhecida como Inhames, em razão das inúmeras plantações desse legume na região.
O Rio Macaé propicia o surgimento de muitas cachoeiras em razão de seus declives. No passado, essa queda favorecia a instalação de moinhos e monjolos auxiliando os produtores rurais em suas roças. Nos dias atuais é explorado para a prática do esporte de canoagem. São Pedro da Serra, que dista apenas cinco quilômetros de Lumiar, se emancipa desse distrito. Além do centro é composto dos povoados de Benfica, Sibéria, Bocaina dos Blaudts, Bocaina dos Mafort, Tapera, Vargem Alta, Colonial 61, Ribeirão do Capitão e Cachoeira. Uma das festas mais tradicionais no mês de julho é a festa da Vila Mozer onde são feitas deliciosas broas de milho com legumes crus, uma tradição muito antiga na localidade. Os Mozer são igualmente descendentes de colonos suíços.
Já o distrito de Lumiar possui as localidades de Rio Bonito, Cabeceiras de Rio Bonito, Galdinópolis, Macaé de Cima, Santiago de Lumiar, Ribeirão das Voltas, Boa Esperança, Toca da Onça e o centro. A atividade agrícola tanto de Lumiar como de São Pedro da Serra nos dias de hoje está bastante reduzida e restrita em razão da região ser Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima. Em contrapartida, muitos de seus moradores usufruem da vocação turística desses dois distritos que possuem uma imensa população flutuante nos fins de semana e durante o verão. A gastronomia, o artesanato e a prestação de serviços são fontes de renda para inúmeros moradores locais.
Fonte: A Voz da Serra